Eis aqui o outro lado da moeda.
Em comunicado, regime classifica declarações de secretário de “mentiras”
Especialistas em armas químicas da ONU visitam pessoas afetadas pelo suposto ataque com gás, em um hospital no subúrbio de Damasco - (26/08/2013) - Abo Alnour Alhaji/Reuters
O regime sírio reagiu nesta sexta-feira às declarações do secretário de Estado americano, John Kerry, responsabilizando Bashar Assad pelo ataque químico que deixou mais de 1 400 mortos na última semana, segundo o governo americano. Em comunicado, o Ministério das Relações Exteriores da Síria qualificou as acusações de “mentiras sem base” e disse que constituem uma “tentativa desesperada” de justificar uma ação militar contra a Síria, “que poderia causar a morte de centenas de civis”.
O comunicado ainda desafia Washington a apresentar uma “prova real” de que o ataque foi perpetrado pelas forças do regime. Critica os EUA por adotarem uma postura “de paz ou de guerra”, com base no que circula nas redes sociais, e diz que as acusações são baseadas em “velhas histórias publicadas por terroristas há mais de uma semana, com tudo o que elas comportam de mentiras, de fabricações e de histórias inventadas”. O regime Assad chama de “terroristas” os rebeldes que tentam derrubá-lo.
O ministro de Relações Exteriores da Rússia, Alexander Lukashevich, considerou “inaceitáveis” as ameaças feitas pelos EUA. “As declarações de Washington ameaçando usar a força na Síria são inaceitável. Até mesmo os aliados americanos pediram uma ‘pausa’ para esperar a finalização do trabalho dos inspetores da ONU para que se tenha um quadro objetivo do que aconteceu”, disse o ministro, em comunicado.
Relatório - Kerry fez um pronunciamento nesta sexta afirmando que 1 429 pessoas morreram no ataque com armas químicas do último dia 21, incluindo 426 crianças. O número é ainda maior que os 1 300 mortos apontados pelo grupo opositor Coalizão Nacional Síria, no dia do ataque. O secretário afirmou que vários indícios mostram que as forças de Assad foram responsáveis. Simultaneamente, o governo americano divulgou um relatório de inteligência de quatro páginas com detalhes sobre o ataque. “Além da informação de inteligência dos EUA, há informações de equipes médicas internacionais e da Síria, vídeos, relatos de testemunhas, milhares de relatos nas redes sociais de pelo menos doze locações diferentes na região de Damasco, relatos de jornalistas e de organizações não governamentais de alta credibilidade”, diz o texto.
O relatório também menciona uma comunicação interceptada pelos EUA, envolvendo um alto funcionário sírio que confirmou que armas químicas foram usadas pelo regime no dia 21 e disse que estava preocupado com a possibilidade de os inspetores da ONU conseguirem provas do uso desse tipo de armamento. Referindo-se a Assad como “homicida” e “assassino”, Kerry afirmou que os Estados Unidos sabem que o governo sírio usou armas químicas várias vezes este ano. Segundo o secretário, três dias antes do ataque do dia 21, o governo já estava preparando o ataque no subúrbio de Damasco. As equipes foram alertadas que deveriam se preparar, “usando máscaras de gás” e tomando outras precauções. Além disso, completou, a inteligência americana sabe que os ataques partiram de áreas controladas pelo regime e foram lançados apenas contra posições controladas por opositores. “Agora que sabemos o que sabemos, a questão é: o que vamos fazer?”
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